segunda-feira, 1 de março de 2010

Memorial de Experiência Leitora


Minha infância foi marcada por muitas dificuldades financeiras, posso dizer de "extrema pobreza" e falta de contato com a cultura letrada, no entanto, apesar desse meio "inculto" a minha mãe com sua extrema sabedoria e com um dom especial desses que os deuses dão às mães desprovidas de recursos financeiros, ensinou-nos primeiramente a rezar e nas rodadas de conversas à beira de fogueiras ou à luz de lamparina nos contava histórias de principes e princesas, bruxos e bruxas, fadas, cavaleiros, castelos encantados e até mesmo fábulas que nos encantavam e alimentavam os nossos sonhos e nos fazia acreditar em dias melhores.
Os colegas de infância com quem brincávamos e cantávamos as cantigas de roda na escuridão das noites estreladas e sem a presença da "maldita" televisão, possibilitáva-nos aguçar o imaginário e inventar outras situações e brincadeiras que não se repetiam a cada noite. Todos os dias esperávamos pelo anoitecer com ansiedade ou para ouvir histórias ou para cantar as cantigas de roda.
Foi neste cenário que acredito ter sido alfabetizada com letramento apesar de já frequentar a escola.
Por volta dos 11 anos comecei a ter contato com os romances de: Júlia, Bianca, Sabrina e Bárbara. Eu não tinha dinheiro, mas tinha amigos que mes emprestavam com a condição de devolvê-los rapidamente, então à luz da lamparina eu devorava um romance numa noite, no máximo em duas. As histórias me encantvam, eu sonhava com aquelas mulheres e homens maravilhosos e viajava para países distantes, palácios, praias, navegava nas páginas dos romances e sonhava com um grande amor.
Ao completar 14 anos comecei a trabalhar e passei a ser cliente da Ediouro, editora que na época me possibilitava comprar romances da literatura brasileira. Estes eram mais complexos, alguns eu lia e me encantava e me apaixonava, outros, nem tanto, não conseguia compreedê-los.
Também na minha adolescência comecei a adquirir revistas de fotonovelas, estas eram coloridas, homens e mulheres lindos, cheios de vida, romantismo, magia e beleza o que me contagiava e ao mesmo tempo aprimorava a minha escrita.
Quando fiz 18 anos já era professora estável, tinha que ler muito pois a função me exigia. O hábito de produzir textos não foi constante em minha carreira estudantil, este só foi desenvolvido na Universidade e em três laboratórios de não-violência que fiz em Brasília, devido à minha participação numa entidade chamada SERPAJ - Brasil que difundia os princípios da não violência ativa, baseada nos fundamentos filosóficos de Marathama Gandi e Martim Luter King, nesse período produzi meus primeiros escritos.
Daí por diante, já fui revisora de livros e até escrevi o prefácio da obra Pirulito Pirulê de autoria de uma grande amiga, Professora Rosa Peres.
Acredito que o profissional de Educação precisa estar constantemente informado, atento às inivações e, sobretudo, a leitura deve fazer parte do seu cotidiano; na formação do GESTAR II essa condição leitora é imprenscindível para a obtenção de resiltados positivos e modificadores da prática pedagógica.


Memorial Profissional


Aos 14 anos de idade já substituía as professoras numa escola de minha cidade. Elas gostvam muito de mim, porque, além de humilde, era paciente e demonstrava habilidade para lidar com as crinças. Aos 15 anos senti-me compketamente realizada quando fui convidada para dar aulas numa turma de crianças no antigo MOBRAL que mais tarde passou a ser FUNDAÇÃO EDUCAR.

Todos os dias eu tinha prazer em recolher as crianças em suas casas e as levavam para a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais - STR que cedia o espaço para a turma do MOBRAL, ali eu e as crianças nos reali´zavmos rabiscando folhas de papel, jornal, manuseando o lápis de cor e as massinhas; cantando cantigas de roda e realizando as mais diversas brincadeiras.

Até completar 18 anos tive o imenso prazer de ser admitida no Estado foi então que assumi duas turmas de séries iniciais, e por ter fama de boa alfabetizadora fui premiada com uma turma de 1ª série de repetentes e outra não. Sofri muito pois o meu desejo era que todos ao finaç do curso pudessem codificar e decodificar os signos, mas isso nem sempre conseguia, apesar de toda a minha dedicação.

Com o passar do tempo e com toda a minha paciência e compromisso fui me aperfeiçoando na arte de educar, também, eu não perdia uma oportunidade de fazer um curso qualquer que fosse ele.

Em 1992 na Escola Pe. José Fontanella fui agraciada com uma turma de ciclo Básico. Esse período foi marcante porque as diversas formações das quais participei e a contribuição de outros colegas me proporcionaram o saber fazer em sala de aula que culminava numa aprendizagem significativa para aquelas crianças do ciclo Básico I, correspondente às 1ª e 2ª séries.

As aulas eram tão saborosas que as crianças sentiam prazer em ir para a escola, porque sabiam que ali podiam se expressar, falar de seus sentimentos, medos, tristezas, angústias e sonhos. Ali no palco da escola elas representavam cenas de seu cotidiano e as cenas que com certeza seriam escritas no futuro por aqueles jovens aprendizes da liberdade, enfim, jovens cidadãos do seu próprio tempo.

Foi neste período que aprendi que o ofício de ensinar é mais que transmissão de conhecimentos é possibilitar as diversas formas de expressão, a vivência cidadã, o desenvolvimento integral da criança; foi aí que aprendi a ser pescadora de vida.

quando adentrei na Universidade de Letras em 1994 já trabalhava com língua portugesa, nesse período, creio ter sido o melhor período, pois pude como disse uma vez minha diretora "formar um exercito de comunistas". Ela dizia isto, porque os meus alunos podiam ser identificados de longe; era os mais participativos, questionadores e reivindicadores de seus direitos.. Acredito ter formado verdadeiros cidadãos, permitindo a eles a vivência da cidadania plena dentro do espaço escolar.

Lecionei também no ensino médio, língua portuguesa e literatura, confesso ter gostado mais de trabalhar com literatura, apesar dos alunos não sentirem motivados com a referida disciplina, mas a minha insistência e persistência no sentido de "obrigá-los" a ler e a escutar horas chatas de recitação de poemas e conversas sobre o maravilhoso mundo da literatura; já me geraram vários comentários como: Professora a única coisa que eu sabia na prova do ENEM foi aquele trecho chato de literatura que a senhora falou. Me dei bem no vestibular em literatura, obrigado professora. Estou com saudades de suas aulas chatas de literatura.

Também é comum ouvir comentários do tipo "aprendi português com a senhora". "Você foi minha melhor professora de português".

Sempre concebi a tarefa de lecionar como uma das mais difíceis e brilhantes. Levar uma criança a compreender e assimilar o processo pelo qual percorre o caminho da escrita e a decodificação desta é simplesmente desnudar o mundo apresentá-los a este ser ávido por conhecimento, por isso, entendo que o educador precisa estar nutrido de conhecimento e sabedoria para articular e mediar aquele processo, para isso faz-se necessário formação continuada e um olhar humanizador.

Concomitantemente à minha carreira como professora exerci as funções de coordenadora pedagógica, diretora de ensino, formadora dos PCNs em Ação, técnica junto à Secretaria de Educação e presidente do Conselho de Educação.

Atualmente, exerço a função de diretora de Ensino e formadora do GESTARII; os desafios de minha vida profissional foram muitos, grandes e ousados, mas acredito tê-los transpostos com muita sabedoria e, sobretudo com a consciência de que é preciso compromisso para fazer uma educação de qualidade, mas também é preciso amor.

Só o amor é capaz de transpor as barreiras e fazer-nos caminhar rumo à crença de que podemos tudo, tudo em prol daquels que anseiam o conhecimento e a tranformação de suas tristes realidades, em realidades de paz, solidariedade e prosperidade.









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